A desigualdade de gênero é uma das questões mais controversas que o esporte enfrenta. Não há apenas desigualdade na participação e oportunidade, mas também na remuneração e na cobertura da mídia.
O foco da conversa é, muitas vezes, o fato de as mulheres ganharem menos que os homens e a injustiça de não serem reconhecidas, apesar da mesma quantidade de trabalho que fazem, contudo precisamos debater sobre muitos outros aspectos.
A escola tem papel fundamental na quebra desse ciclo
Ao observarmos as rotinas escolares, percebemos que tanto nas escolas públicas quanto nas privadas, a valorização das modalidades esportivas femininas tem um longo percurso a seguir. As meninas não possuem acesso aos mesmos esportes que os meninos, quando conseguem acesso não disfrutam do mesmo tempo de quadra, não são treinadas com o mesmo empenho e, na grande maioria das vezes, se quer recebem uniforme e equipamentos adequados ao esporte que se está disputando.
Não raro, observamos as meninas jogando com uniformes emprestados do masculino que levam grande desconforto na prática e perda de rendimento. A valorização do esporte feminino tem como missão esse olhar dentro do âmbito escolar para que possamos aos poucos quebrar esse ciclo desigual.
A mídia e a valorização do esporte feminino
Outro importante é a cobertura midiática do esporte feminino. Isso tem um impacto direto na capacidade de um esporte de atrair e reter patrocínios comerciais e pode afetar a sustentabilidade de atletas, esportes e competições.
A mídia apresenta o esporte como se houvesse esportes masculinos que são extremamente variados e femininos de forma mais estereotipada, como ginástica e patinação artística, alinhando-se às expectativas tradicionais de atletas masculinos e femininos. Isso torna mais difícil quebrar as barreiras tradicionais de gênero e permitir que as mulheres participem de esportes ‘masculinos’ e homens em esportes ‘femininos’.
Além disso, apesar de as mulheres representarem 40% dos atletas, elas continuam a receber apenas 4% da cobertura total da mídia esportiva impressa e transmitida, incluindo flutuações durante as Olimpíadas ou a Copa do Mundo.
Mesmo atingindo resultados melhores que os homens no esporte, não existe a mesma valorização
Atletas masculinos de basquete, golfe, futebol, beisebol e tênis ganham de 50% a 10000% a mais do que atletas do sexo feminino. A seleção feminina de futebol dos Estados Unidos trouxe essa conversa à tona nos últimos anos.
Depois de vencer a Copa do Mundo em 2015, foi revelado que esse time recebeu um quarto do que o time masculino de futebol ganhava. Isso, apesar do fato de a seleção feminina ter conquistado quatro Copas do Mundo desde o início do programa em 1985, enquanto os homens, que disputaram sua primeira Copa do Mundo em 1930, ainda não venceram nenhuma.
Processo judicial sobre discriminação de gênero
A equipe enfrentou uma batalha judicial de seis anos envolvendo um processo de discriminação de gênero. O acordo alcançado este ano exige que o futebol dos EUA pague US$ 24 milhões aos jogadores e se comprometa a igualar o salário entre as seleções masculina e feminina.
Desigualdade salarial
A desigualdade salarial continua. Podemos trazer os EUA como exemplo que são uma potência em investimento no esporte e os números são assustadores. O salário médio da NBA em 2022 é de US$ 7,5 milhões; o salário médio da WNBA é de aproximadamente $ 116.000. No golfe profissional, o prêmio total do PGA Tour deste ano é de US$ 633 milhões para 48 eventos, enquanto o do LPGA Tour é de US$ 73,3 milhões para 35 eventos.
Cultura, debate e informação
O que isso indica é que todos nós, coletivamente, precisamos fazer mais pela igualdade de gênero. Precisamos fazer mudanças para a próxima geração de meninas e mulheres. Não deve haver disparidade nos esportes, no local de trabalho ou na vida.